quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Eu vou ficar bem

Eu deixei a porta aberta e você entrou.
E fez bagunça.
Folheou as revistas da mesa de café,
abriu a geladeira pra ver o que tinha de bom,
e pôs os meus melhores CDs pra tocar.

E a gente fez recortes das notícias de jornal,
revirou os retratos antigos daquela caixa empoeirada,
planejou as paradas de uma viagem de balão,
e você pôs seu lugar na sala de estar.

E eu pus um prato só pra você,
com o que eu soube cozinhar,
pra você pôr o seu tempero,
pra gente aprender junto,

E depois que as meias estavam espalhadas pela sala,
depois dos copos usados jogados pelos cantos,
dos pedaços de jornal rasgados na mesa,
das capas de CD trocadas,
dos talheres sujos em cima da pia,
e de eu te mostrar aquela gaveta, a que não se mostra,
você disse que ia embora.

Eu abri a porta,
mas você não foi.

Deixa a sua chave,
que eu vou arrumar as coisas
antes de te receber de novo,
pra gente tomar um café.

Ah, dindi...



Um comentário:

Isabella Mariano disse...

'se tu soubesses
como machuca'

bonito, ainda que melancólico. x)