segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Esfinges

Sabe, era disso que eu precisava,
esqueci do que é o mais simples, botei os versos simples no bolso e fui decifrar algumas esfinges,
e elas me devoraram.
Não, não sejamos tão dramáticos.
Mas foi por uma ponta,
Por um risco,
Por uma palavra mal dita,
Por outra mal entendida.

"Decifra-me que te devoro"

Não devia te dizer,
mas esse Amor,
mas esses versos simples,
me deixam comovido como o diabo!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011


  "Sabe, é preciso escrever o que se tem na alma."
Enfim...


segunda-feira, 3 de outubro de 2011

[3] Estou à Porta


    Eu não sei como cheguei aqui.
    Deixei o Chico a ver navios, e vim parar aqui. Devo ter entrado por uma porta. 
    Que importa? Eu "quase sempre nunca tanto" sei aonde vou parar. Como disse, não importa.
   O que importa são essas paredes, sujas, despedaçadas. Buracos de rato, fios desencapados, pintura gasta. Já houve algum resquício de pureza nelas. Algo de limpo, dava para perceber, alguém pode até dizer luxo. Agora restam apenas manchas de mofo, e uma espessa camada de poeira cobrindo a parede. Tinha até um papel de parede - um luxo! se dizia - vermelho clássico/tímido por trás daquela poeira toda. Papel de parede daqueles de hotel antigo, "O Iluminado" me vem à cabeça, lembra desse filme? Então. Papel de parede daqueles. 
   Curiosamente as luzes funcionavam perfeitamente. As "luzes" eram candelabros - já disse, luxuoso - de cristal, um a cada três metros aproximadamente. Enfim, nunca fui bom de medidas. As luzes funcionavam sem piscar, sem curtos-circuitos ou faíscas, mas estavam fracas. Fracas o suficiente pra não darem conta de iluminar cada canto daquele corredor. Eu já disse que era um corredor? Uma porta no começo e outra no final.
   Depois de certo tempo aquele corredor passou a me dar calafrios, e um pouco de medo também. Talvez claustrofobia, ele foi feito pra um homem só. Então me decidi a atravessar aquela porta no final do corredor longo e sujo. Dei uns vinte passos e cheguei na porta. Ela era alta, de madeira bem esculpida e branca. Maçaneta de ouro. Bem, pintada de ouro, com aquelas manchas pretas e tempo, sabe? Respirei fundo o ar pesado e empoeirado daquele lugar, peguei um punhado de coragem e girei a maçaneta. A maçaneta deu aquela estalada de quando não é aberta há muito tempo e a porta abriu rangendo.  
   Levei um susto! Do outro lado da porta havia mais corredor! O mesmo corredor! As mesmas manchas de mofo, os mesmos fios desencapados, o mesmo papel de parede vermelho gasto. E o mais impressionante, alguém de pé segurando a porta aberta do outro lado e olhando pra frente. "Ei, você!"- gritei e saí correndo. Mas o sujeito saiu correndo quase que no mesmo segundo que eu. Decidi continuar correndo atrás dele, que corria até no mesmo ritmo que eu, mas era inútil. Toda porta que eu atravessava me levava ao mesmo corredor, e o sujeito não parava de correr. Bem, se um não quer dois não brigam. Parei de correr. E o sujeito parou também, imediatamente. Olhei de longe, desconfiado. Dei dois passos para trás, ele também deu. Acenei o braço e ele também acenou. E agora então ficou óbvio, o sujeito era eu!
   Talvez por medo daquela aberração no espaço/tempo corri em direção à porta e a fechei. Fechei as duas. Era inútil tentar sair dali. Sentei no chão, pus a cabeça entre as pernas flexionadas e me pus à chorar. "Que desgraça! Ninguém merece tal maldição!". Chorei como uma criança e batia nas paredes daquele corredor suplicando uma saída, sendo ela qual for, e chamei por meu Pai. Nossa, como chamei meu Pai, clamava com toda a minha força e chutava aquelas paredes. E então sentei no chão, exausto. 
   Então, ouço batidas. No lado oposto ao que estava sentado. Batidas crescentes, primeiro fracas e ao longe, e então mais fortes. As batidas eram em uma porta. Uma porta! Como não tinha visto uma porta antes? E logo na minha frente. Essa era diferente, mais limpa. Era também de madeira, pintada de branco, esculpida, e uma maçaneta de ouro, ouro de verdade. Me levantei, enxuguei as lágrimas e fiquei em pé em frente à porta. O batido de novo, me dá um susto! Não havia mais nada a fazer além de abri-la.
   Girei a maçaneta, que não fazia barulho e abri a porta, que não rangia. Do outro lado vejo um homem de pé, com um sorriso, que me estende a mão. 
   - Bom dia, sou o novo morador deste quarto! 
   - Quarto? Mas isto é um corredor, meu senhor!- Mal acabo de dizer e me viro pra trás ainda apertando a mão dele. Era um quarto! Bom, agora era um quarto! 
   O corredor havia sido substituído por um quarto dos mais luxuosos! Pinturas pelas paredes e livros numa estante de madeira. Uma cama confortável, abajures, um candelabro daqueles do corredor. E aquele Papel de Parede vermelho clássico, agora limpo. Limpo ele brilhava, dava vida ao quarto, era como se fosse sangue, sangue de um Santo. Sangue de um santo que reformou o meu quarto. 
   Olhei de volta para aquele senhor que estampava um sorriso enorme no rosto. Ele entrou, fechou a porta - eu ainda sem palavras - e se deitou na cama, cruzou as pernas e pôs a mão por trás do pescoço.
   - Pode ir, deixa que eu cuido daqui - Me apontou o caminho da porta por onde entrou - Vamos, não perca tempo, seu Pai te aguarda.
   Pela cara daquele senhor, não adiantaria fazer qualquer pergunta, seria sempre uma resposta enigmática, pra me convencer a entrar por aquela porta. Então, fazer o que? 
   Abri a porta, botei meus fones de ouvido, e entrei por ela. Estava feliz, mas ainda tinha muito o que fazer!

"Eis que estou à porta, e bato;
Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta entrarei em sua casa..."
                                                                       [Ap 3:20]







sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Crônica Relâmpago

    Em 1982, Sinésio Bonfim se lançou candidato pelo então PSD à prefeitura do município baiano de Jaguaraquara. Seu slogan de campanha, inspirado nos Jogos Olímpicos, dizia "é ouro, prata e bronze!".
   Na noite de eleição, uma vez apuradas as urnas e constatada a derrota, a casa de Bonfim foi cercada por adversários, que se puseram a gritar:

   - E agora, Sinésio, é ouro, prata ou bronze?

   Durante horas ele suportou a provocação, até que, no meio da madrugada, não aguentou mais. Com uma arma na mão e atirando para o alto, saiu de casa gritando:

   - É chumbo!!!


(Não achei o link desse texto na internet, mas, por desencargo de consciência, escrevo que o surrupiei do meu livro de exercícios para o Enem)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Crônicas da Terra dos Papagaios - Jovens e Revolucionários


   O ano é de 1922 e faz uma tarde linda de sol, daquelas pra se aproveitar nas praças, nos quadros de um modernista qualquer ou até na praia de Copacabana, para os mais sortudos.     
   
   - Realmente é uma bela tarde pra quem pode aproveitá-la! - Resmunga o Dr. Odranoel, Seu Noel para os íntimos, olhando pra janela e amaldiçoando aqueles que foram abençoados com umas horas a mais, para aproveitá-las na praia, com um violão, porque não?!
   
   Não tiro a razão do Seu Noel, a propósito, passar uma tarde de sábado num consultório do IML não é coisa que se peça, mas, são uns trocados a mais, que vinham muito a calhar naquela época. 
   Pega então os próximos "defuntos" a serem examinados. Suas fichas: Eduardo Gomes e Siqueira Campos. Reconheceu aqueles nomes. São dois daqueles jovens mortos na revolta dos "18 do Forte", uma tristeza. "Pobres rapazes" pensa Noel. "Pobres e revolucionários, a história da humanidade!". Talvez não literalmente pobres, afinal, estudavam na tão aclamada Escola Militar, eram a nata da sociedade, o "crème de la crème". Talvez por isso mesmo se sentiram na obrigação de ir às ruas reivindicar justiça. Justiça, educação e o tudo mais que o povo merece. Arrancá-los à força das mãos dos coronéis. 
  De repente a tarde não importa mais. Nem aquelas crianças que ele vê brincando pela janela que incomodavam tanto. O Odranoel dos velhos tempos era assim também. Jovem e revolucionário, quase um pleonasmo.

   "Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética" 

   As palavras do grande Che ecoavam na sua cabeça. Até ensaiou uma lágrima, mas não era daquilo. E a tarde de tão bonita não merecia uma lágrima. 
   Pois bem, era hora de fazer seu trabalho, dinheiro não dá em árvores!
  Com um certo respeito trouxe os sacos pretos com os corpos pra mesa de examinação, e os abriu. E, incrivelmente, aquele corpo, aquele defunto, se levantou do saco, respirando arduamente. 
   
   O defunto se levantou! Um morto se levantou! Seu Noel correu quase que involuntariamente pra fora da sala. Pra poder procurar alguém, nem que seja só pra contar que um morto ressuscitou. Ressuscitou nada! Eduardo tinha é uma cabeça mais "na frente" que todos aqueles outros jovens. De que adiantaria morrer naquela rua? Talvez até adiantasse se mais alguém tivesse pego em armas. Ele precisava viver, ele e seu amigo Siqueira. Que os chamassem de covardes, não se importavam. Eles precisavam levar a revolução adiante!
   Quase sem conseguir pensar, Eduardo levantou da mesa num salto, procurou o saco do amigo Siqueira, e o abriu. Talvez até comemorassem o sucesso do plano se tivessem tempo. Mas não tinham, e o Seu Noel, no medo, havia chamado a polícia. Depressa abriram a janela, e nus mesmo, saltaram por ela. Pra começar a revolução! Mas, antes, pra achar algumas roupas!
  Quando os policiais chegaram na sala, encontraram dois sacos vazios e a janela aberta. Reportaram imediatamente pro Coronel, ou General, ou Tenente (quem sou eu pra saber dessas coisas?). E começou então a caça aos revoltosos fujões.

   Incrível como na mesma tarde duas senhorinhas conversavam na porta de casa:
   - Josefa, cê ouviu o que aconteceu? 
   - Dos meninos que fugiram?
   - Pois é menina! Que coisa! Dois meninos fugiram da morte e enganaram o EXÉRCITO DO BRASIL (ela realmente enfatizou essas palavras) se deitando no chão e fingindo de morto, você acredita?
   - Ai ai, essas coisas, só no Brasil mesmo!





domingo, 21 de agosto de 2011

Um adeus disfarçado


Hoje o céu é uma nuvem só.
Fina chuva. Cinza. E só.
Talvez saudades. Não minhas. Tristeza sim.
Profunda. Poderia ser tanto!
Mas se foi.
E hoje o céu é uma nuvem só.
Talvez pra acomodar tanta festa!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O Jovem Pintor


Enquanto se fazia a tela em branco sobre o cavalete, o sol fazia questão de vir o cumprimentar e, tão logo de pé, já começava a dança de tintas e pincéis.
Pintava ao ar livre as dádivas da natureza. Crianças brincando, a manada de bois passando, as árvores de cada monte dançando. E, embora não soubesse de sua existência, um par de olhos cor-de-mel o maravilhava todos os dias. Olhos curiosos mas desconfiados, fitando o céu e toda a sua magnitude. Via o infinito, mas o rapaz lhe fugia de vista.
E lhe maravilhava tanto, que nem mais a natureza lhe servia de inspiração. Bastava olhar praqueles olhos cor-de-mel e pintava encontros e alegrias, passeios e fantasias, crepúsculos e folias. E não havia nada entre os Céus e a Terra que fizesse ele mais feliz.
Mas veio então o dia em que, procurando sua inspiração, o jovem pintor se viu sozinho. Seu par de olhos não se pôs sobre a janela. E o fez esperar e esperar, até que se acabasse o dia em tela em branco.

A moça se casara. Levou com ela seu motivo para pintar.

De repente não havia mais chão, e o ar lhe faltava pra respirar. As crianças não brincavam mais, e as manadas de bois morreram, e todas as árvores secaram. Com amargura apenas no coração, passou a golpear a tela em branco. Pintava tristezas e despedidas, angústias e feridas, tempestades e pontes partidas. A cada dia definhava mais e mais o seu coração. Vazio e azul.

Mas como num golpe de misericórdia, a noite trouxe com ela a realidade.
Pela primeira vez o jovem se fez ciente de sua situação. Então, abriu os olhos.
Abriu os olhos para a realidade à sua volta e viu todas as dádivas da natureza que pintara por tanto tempo. E se viu maravilhado. Como há muito tempo não se via. Viu a Lua e as estrelas, o orvalho se formando na madrugada. Viu a dança das árvores acompanhando o vento e o lindo arranjo de nuvens no céu.
Por um segundo esqueceu-se da linda moça dos olhos cor-de-mel.

Enquanto todas as estrelas sorriam para ele, se fez o quadro em branco sobre o cavalete.
E não pintava mais crianças brincando, mas anjos. Nem manada de bois passando, mas astros e estrelas dançando em harmonia. E encontros e alegrias, passeios e fantasias, crepúsculos e folias.

E não havia nada entre os Céus e a Terra que fizesse ele mais feliz



["Noite estrelada sobre o Ródano" - Vincent Van Gogh]


sábado, 16 de julho de 2011

O Céu


Esta semana foi longa
e espichô minh'ansiedade
o ir e vir da cidade
trôsse dos nervos à flô

Que a gente puxa o dinheiro
aprende, vende, fabrica
cata, direge e isplica
e aquele pôquinho que fica
a gente devolve ao Senhô

E o on'cotô on'covô desta vida
com a muntuera de conta
se ajunta no pobre e aponta
prum lugá da gente se perdê

Mas mesmo com a juntera dos fardos
que a gente carrega nas costa
nos carro, nos burro, nas carroça
que é o jeito da gente vivê

A gente isquece um minuto
olhando pro céu infinito
cheio de nuve, azul, bonito
e a gente não qué mais conflito
mas agora, só qué
agradecê

Ó Céuzão bonito sô!



[Pra se ver com essa música aqui ó:]











[fotos tiradas do quintal de casa]





terça-feira, 5 de julho de 2011

Eu quero mais é ser amador


"Biruta você me chama,
quem sabe não sou?
Concordo até. Um coador!
Não de pouca fé. Na posição Horizontal.
Quero ser e viver assim.
Tal qual, posto que o vento sopra aonde quer.
Um coador sem fundo, sem ter onde e nem o que guardar.
Sem poder jamais estar cheio em si mesmo.
Mas que seja existir pra orientar alguém que vem de lá;
Vagando a esmo!"




"Pois se armador é o que arma, que se dirá do que ama?!"






segunda-feira, 13 de junho de 2011

[2] Chico Tristeza e as Terras do Sem-Fim


Vim de longe, de estradas já percorridas, cantando canções do amanhã, e então vi de relance, Chico Tristeza, sentado no cais do porto a olhar as ondas, navios, pessoas de vai e vem. Balbuciando histórias de terras longínquas, de outros portos, além das terras do sem-fim.
De logo sem demora meti a mão no bolso, pausei a música que escutava e fui ter com o menino, que de menino na verdade nunca teve, assim como aquelas crianças criadas no mar. Fui, como um bom ouvinte, ouvir aquelas histórias, sobre os homens de fala embolada, que de tudo tinham visto um pouco. E como sonhava aquele menino. Mas não como a gente, não rindo pro nada e olhando pro céu. Chico não era disso. Seu sonho era calado, no máximo um brilho de canto de olho. Sempre de olho no que não se pode ver. Talvez não quisesse mesmo ver, só, queria ir. Sentia que aquilo ali não era o seu lugar, que era, na verdade, com aqueles homens, de porto em porto. De cais em cais. Em terras de línguas estranhas, onde aqueles homens ouviriam suas cantorias, e, mesmo sem entender, parariam pra ouvir; só pela melodia, porque homem do mar entende uma canção do mar quando ouve uma, não importa em qual língua esteja.

"é doce morrer no mar..."

Por um minuto eu olhei pro sem-fim do mar e todo o seu mistério.
E como todo bom homem da terra que não entende o homem do mar, e não é capaz nem de contar suas histórias do jeito que deve ser, só abri um sorriso. Entendia Chico Tristeza, não na sua totalidade, porque não há homem, seja da terra ou do mar, que entenda as tristezas do outro. Não, isso é coisa das suas mulheres. Mas isso fica pra próxima.
Entendia, mas meu coração se entristeceu. O de Chico já era. Ambos entendíamos que não é em outro porto que o coração desentristece. Mas o Pai sabe o que faz. Também sabíamos disso.
Me levantei pra seguir viagem, sem esperar nenhum tipo de despedida, e não tive. Chico, voltou ao olhar vazio, de esperança calada, em direção às terras do sem-fim.
E eu botei a mão no bolso e deixei tocar a música

"Doce o mar perdeu no meu cantar,
Só eu sei, nos mares por onde andei,
Devagar, dedicou-se mais, o acaso a se esconder,
e agora o amanhã... Cadê?"








[Leia mais sobre o Chico Tristeza em "Mar Morto" de Jorge Amado.]
;)



sábado, 11 de junho de 2011



Hoje eu me perdi na imensidão do céu,
Infinita, assustadora,
E até parece que aqui me sinto eu,
na infinidade do céu,
Imensa, assustadora,
mais que uma perdidez geográfica,
nesse céu azul-ilusão,
Infinito e assustador,
É Qualquer coisa assim, ou não,
perde a vista a pequenez, quão fútil
infinito céu,
Tenho mesmo que ir embora?



sexta-feira, 13 de maio de 2011

Crônicas da Terra dos Papagaios - Independência, ou não?


Caros amigos, venho contar-lhes a respeito do fato que reside por trás do grito de "Independência ou Morte", às margens do rio Ipiranga, que vos foi erroneamente informado por tantos anos, afinal, que criança vai querer tomar como verdade o que segue abaixo?
Enfim, acreditem no que quiserem, mas o que aconteceu foi o seguinte...
- Está um dia agradável, não concorda, Domenico? - Disse D.Pedro (assumindo que algum dos seus guardas se chamasse Domenico)
- Sim, Vossa Majestade, um dia realmente agradável - o respondeu
O fato era que nenhum dos guardas estavam satisfeitos, ou felizes, ou realmente achavam que estava um dia agradável; eles estavam apenas cansados, mau-humorados, e decididos a concordar com qualquer asneira que a Vossa Majestade dissesse.

- Mas, quem vem lá?- Disse D. Pedro ao avistar um pequena sombra vindo de cavalo

Pois era um mensageiro, vindo quase desesperadamente, e como se segurasse sua vida em suas mãos, e talvez, se de fato perdesse o que segurava, lhe custasse a mesma.

- Vossa Majestade, venho em nome de José Bonifácio, e trago em minhas mãos dois documentos importantíssimos, e é de suma importância o conhecimento destas informações por Vossa parte! - Balbuciou o mensageiro, quase sem fôlego

Os documentos eram de fato de suma importância. O primeiro vinha num grande, pomposo e , de certa maneira, imponente envelope, e trazia por título "ULTIMATUM", e o segundo era uma carta do seu braço direito, homem de confiança, José Bonifácio.
Assim que recebeu as cartas em suas mãos as abriu o mais rápido que pode, e se apressou em saber qual era o motivo de tanto alarme, já que (achava ele) nada de mais estava acontecendo.

D.Pedro leu a primeira carta. E não entendeu. Então leu de novo, e de novo, mas não entendia qual era o motivo de tanto alarme, afinal, não se lembrava de ter assinado qualquer documento comunicando qualquer tipo de independência, como acusava aquela carta. Enfim, seguiu para a próxima carta, que, por ser de seu amigo, seria mais fácil de entender e, talvez até explicasse a anterior. Qual foi sua surpresa quando a leu, e também não a entendeu. E leu de novo, e até mais vezes que tinha lido a anterior, até porque era inaceitável um governante de sua alçada não entender qual a finalidade daquele documento (ou de qualquer documento, certo?). E, com vergonha de demonstrar essa insegurança aos seus acompanhantes, ou subordinados (como preferirem), passou os olhos na carta procurando um trecho que lhe servisse de base para qualquer ação a ser tomada, e leu então:

"... e então, é de imprescindível necessidade que cortemos os laços com Portugal..."

E então, encheu o peito, e, procurando o que dizer àquelas pessoas (que estavam esperando ansiosamente a propósito), viu sua salvação. Percebeu que seus guardas usavam um lenço atravessado por cima da farda, no qual estampava (quase ostensivamente) o símbolo da bandeira de Portugal, e , como se num estalo, apontou para os seus guardas e disse:

- Guardas, eu , Sua Majestade, ordeno que vocês peguem suas facas e cortem seus laços com Portugal!

Então, sem entender muito do que faziam, cortaram seus laços e os deixaram lá mesmo no chão. E satisfeito com o que tinha feito, D.Pedro continuou sua viagem, admirando a paisagem, e, no fundo, se perguntando, por que cargas d'água José Bonifácio teria interrompido sua viagem, justamente às margens do rio Ipiranga, apenas para corrigir uma falha estética.

Loucura, não?!





domingo, 3 de abril de 2011

Verso Livre



Meu narrador onisciente
me narra em 1ª, 2ª e 3ª pessoa
e sua narrativa constante é tão boa
que perdoa os erros do meu português displicente

Hoje,
meu verso é livre!








sexta-feira, 11 de março de 2011

Mais uma canção



- Ei, deixa de doce e vem dançar comigo!
a gente sabe muito bem que você não me esqueceu
deixa do silêncio, o seu bico não vai me intimidar,
Você sabe que essa dança é nossa,
deixa disso e vem pra cá...
... Tudo bem,
"Eu me entrego, eu não nego, você é o meu grande amor,
e hoje eu vou te dizer, eu te amo!"


Melhor assim?


Pra ser lido ao som dela


quarta-feira, 9 de março de 2011

No Alarms and no Surprises


Chegou ao quarto como quem pisa em ovos,
fez dele o seu quarto do pânico,
mas não servia só pra se esconder, mas ria dele e com ele,
e riu...
...até que o quarto ecoasse o riso, e o quarto risse dele,
e eles riram juntos
até que doesse a barriga e se chorasse tudo o que podia,
e quando se findou o riso viu melhor, que as paredes eram transparentes,
e os observavam, a ele e ao quarto,
então ele percebeu que o quarto nunca riu, mas aqueles vultos riam dele,
-vejam que estupidez! - Então ele quis rir também, mas não via mais graça,
ele já tinha perdido a moral...

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Sapato Novo



(...) Bem, como vai você? Levo assim, calado ao lado do que sonhei um dia,
como se a alegria recolhesse a mão, pra não me alcançar,
Poderia até pensar que foi tudo um sonho, ponho o meu sapato novo e vou passear,
sozinho e como der eu vou até a beira, besteira qualquer,
Só levo a vontade morena, é tudo que vale a pena!

bagunçado da poesia original de Marcelo Camelo
"Só levo saudade morena..."

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Pesares Culpados Regados à Negligência




E foi difícil ter que te entregar àquele lugar,
Como é que hoje se diz?
E eu sei que parece o que não se diz,
mas, no seu caso é o tempo passar...
Quem fala é o doutor!